Se tudo deu certo, é outono. Será um motivo para comemoração? Como explica a Wikipédia, o outono “é caracterizado por queda na temperatura e pelo amarelar das folhas das árvores”. Admito que não aguardava com ansiedade o amarelar das folhas das árvores, mas andava muito interessada na queda da temperatura.
Para grande parte do planeta o outono é a estação melancólica. Não foi por acaso que Drummond disse que o outono não é uma estação da natureza, mas uma estação da alma. E a alma, no caso, é deprimida. Outono é sempre associado à metade final da vida. À metade decadente.
Outono e velhice estão ligados para sempre por causa das tais folhas amareladas da Wikipédia. Renascimento, só duas estações depois, na primavera. Para quem mora no Rio, porém, a associação é uma injustiça. É exatamente no outono que a cidade fica mais agradável, mais jovial. Não é frio ainda, mas aquele calor perturbador do alto verão já não existe. É quente sob o sol, fresquinho à noite. Há quem bata palmas para o pôr-do-sol no Arpoador nos meses do começo do ano. Mas é justamente no fim de março, em abril, no começo de maio que a despedida do dia fica mais bonita. E a luz? Em que outra estação do ano há uma luz tão deslumbrante quanto à luz do outono carioca? E, verdade seja feita, nas folhas de amendoeira que costumam cobrir as calçadas nesta época do ano, a gente até encontra uma ou outra folha amarelada, sem melancolia.
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